... e quando saí levei ela comigo.
E depois?
Depois foi só depois.
Perdi alguma coisa em algum lugar?
Não creio.
Eu não precisava ouvir isso.
Mas eu precisava lhe contar.
Por que estamos aqui?
Porque queremos, não é mesmo?!
Não estou bem certa.
Onde você queria estar?!
Com ele, com você, eu sei lá. Já não sei mais nada.
Mas é bom estar aqui, digo, você não acha?!
Apesar do peso sobre nossas cabeças, do cheiro de tecido degenerado e da umidade extrema? É, pode ser...
Por quê, “pode ser”?!
É que eu queria poder amar mais, comer mais, criar mais, viver mais. Eu queria mais. Mas nem sei para quê. Durante muito tempo fui e apenas fui. Queria ter a ele. Depois a você. Depois aos dois. Na mesma cama. E depois queria a sua esposa. Na cama dela. Acha que ela se importaria? Bem, já está feito. Não há mais nada a dizer.
Parece que está chovendo. E eu não trouxe guarda-chuva.
Vai se molhar e é só.
Mas está frio.
Nada que repouso e uma vitamina C não resolva.
...
...
Você sabia que foi Sylvan Goldman quem inventou o carrinho para carregar as compras no supermercado?! A invenção não foi imediatamente bem aceita. Os homens acharam-na afeminada e as mulheres acharam-na parecida com um carro de bebê. As mulheres se sentiam ofendidas.
Ahm.
É.
...
E como ele resolveu o problema? Ele resolveu, não é?!
Sim. Ele contratou mulheres, mais precisamente, modelos, para empurrar os carrinhos pela loja dele, fingindo fazer compras.
E depois?
Depois disso ele se tornou multimilionário.
Não, não estou mais falando do tal Sylvan Goldman. Quero saber sobre nós.
De que tipo?
Como assim: de que tipo? Do que você está falando?!
De nós.
Eu devia também furar-lhe os olhos com este garfo sujo de sangue e torta de chocolate com nozes.
Noz?!
Bem, acho que já está na minha hora.
Na sua hora?! Na sua hora de quê?!
Na minha hora de lhe dar o fora!! Isto sim...
Quando a cadeia Kentucky Fried Chicken chegou à China, o slogan “bom de lamber os dedos”, foi traduzido como “coma seus dedos”. Quando o Papa visitou o México, um erro de impressão na mensagem das camisetas que deveriam anunciar “Eu vi o Papa” (el Papa), acabou resultando em “Eu vi a batata” (la papa).
Eu não consigo. Deus do céu por que eu não consigo?!
Outro dia li na embalagem, em inglês, o aviso de segurança de uma faca coreana que dizia: “mantenha fora das crianças”.
Rá, rá, rá...
...
Espere! Acabo de me decidir.
Sobre?!
Quero passar o resto da minha vida aqui; com você. Olhando para estes espelhos no teto. Não quero mais nada além disso. Creio ser este o meu dia de iluminação. Descubra quem é o proprietário e ligue para ele, vou comprar este prédio.
E o que faremos durante os dias todos?!
Exatamente o que acabamos de fazer e o que estamos fazendo agora.
Eu te amo!
Eu sei.
E se o cara não quiser vender o prédio?
Fazemos com ele o mesmo que fizemos com esses dois pobres coitados aí.
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