terça-feira, 7 de setembro de 2010

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O sentimento em suspensão no ar sépia. O pensamento nas certezas como se fossem certas. Um prazer na aliteração, outro na lucidez. O que importa é que o leitor deve sentir o poema!, ela me diz. O que alguém sente ao ler um poema é exclusivo e intransferível, não é igual ao sentimento de nenhum outro leitor!!, continua. É por isso que, apesar de todos fingirem, ninguém entende poesia?!, digo erguendo uma sobrancelha e fazendo cara de sabe tudo. Ela ri. Você sabia que ontem foi o dia do sexo, 6/9?!, emenda com o riso. Dia de sexo real; dia de desligar os computadores!!!, e ri mais alto. Minha boneca inflável foi roubada de dentro do meu carro no estacionamento do shopping no momento em que eu fui ao banheiro!, argumento. Ela gargalha. Se uma mulher não tiver o mínimo de inteligência, perspicácia e senso de humor eu não consigo fodê-la









acordo com a cabeça pesada, mas com vontade de me unir ao dia. Tomamos café na rua e ambos seguimos nossos caminhos. Ela para não sei onde. Eu para outro livro. Enfio os olhos e vou até o fim. Quando termino já é hora da janta. Penso em ligar para outra, mas, por engano, teclo no número dela. Sei que não é assim que se faz a coisa, mas sinto que já é tarde demais. Ela atende e, sem dizer alô, me pergunta apenas a que horas. Em vinte minutos somos um casal. Em noventa estamos de banho tomado e em cento e vinte nos divorciamos. Tiro o número dela da agenda do meu telefone celular e nunca mais a encontro. Paro com as rimas e escrevo o meu primeiro romance.

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