quinta-feira, 2 de setembro de 2010

025

Mais um dia como outro qualquer. A não ser pelo fato de que uma pequenina erupção cutânea aparece-lhe no cotovelo. Coça, arde, esfrega. A coisa cresce. E a noite traz-lhe uma festa. Suja o vestido branco da amiga da sua amiga de sangue. O que poderia ter rendido lucros e dividendos acaba ali mesmo. No exato momento. Vai para casa sozinho. Toma um banho quente, um copo de leite e deita-se nu. Adormece. Durante a madrugada é acordado pelos roncos de um velho ao seu lado. Emite um berro e salta da cama. O velho junto. Corre para o banheiro. O velho junto. Quem é você?! O que quer?! O que faz aqui?! O velho: eu é que lhe pergunto. Como assim! O senhor entra na minha casa, deita – sabe-se lá por qual maldita razão, pelado na minha cama, dorme, ronca, me acorda, me dá um susto, levanta comigo, vai aonde eu vou e tem a desfaçatez de querer saber quem sou eu, o que eu quero e o que é que eu faço aqui na minha própria casa?! O senhor é louco por acaso?! Por acaso não, não sou louco, reponde o velho. E além do mais a casa é minha. E eu vou chamar a polícia. Tive um dia muito estressante. Com dores no cotovelo, brigas em uma festa e um homem roncador pelado na minha cama a me acordar de madrugada! Ei, aonde o senhor vai?! AAAAAAAhhhh, soltam em uníssono ao romper a pele que ligava os dois pelos cotovelos. O sangue abunda dos braços de ambos. Olham-se apavorados e quase se reconhecem. Apesar da grande diferença de idade, são muito parecidos. Mas, sabem, não são pai e filho.

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