quarta-feira, 6 de outubro de 2010

059

Por longo tempo, para mim, Lili foi uma cidade encastelada nas encostas de um golfo, com amplas janelas e torres, fechada como uma taça, com uma praça em seu centro, profunda como um poço e com um poço em seu centro bem no centro da praça. Nunca a tinha visto, mas sabia que ela estava ali. Quando, pela primeira vez, entrei em contato com a cidade, tudo o que imaginava foi esquecido. Lili tornara-se aquilo que é Lili. As ruas recheadas de sensibilidade, bondade e vontade imensa de ceder afeto. Os prédios pintados de amarelo para melhor refletir a luz solar. Das cozinhas, o recender dos pratos mais apetitosos. E as crianças mais lindas e felizes correndo pelas suas calçadas. E, para não ficar igual a tudo, sempre, em Lili havia algo de louco. A melhor das loucuras; a loucura criativa.

O mundo está cheio de cidades que nunca verei de perto. Mas há algumas que nem é necessário pisar o solo, basta saber que existem para que a vida prossiga em seu rumo açucarado.

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