sexta-feira, 24 de setembro de 2010

047


Uma vontade de superar os dias; e entrar no vento forte para seguir sem rumo. Ser uma revista no consultório do dentista. Ser o banco da praça. Ser a maçaneta; o botão do elevador. Ser a barra de chocolate; sorvete no inverno. Ser café, cama, colchão e lençol. Ser o dia; ser urinol. Ser cheiro de coisa boa. Ser tinta, lápis, marcador permanente. Ser parede, muro e chão. Pão, comida, vinho. Água do chuveiro. Salgadinho, biscoito, avião. O minuto antes do orgasmo. Um durante e outro depois. Ser vapor em cima da rua. Ser ingresso para o cinema. Ar condicionado e livro bom. O consenso entre as partes; e a divergência de opinião. Ser bálsamo aos ouvidos; mp3 de mão em mão. Ser um pouco de nem tanto; uma bolha de sabão. Ser um nada de vez em quando; um sinal de subtração. E mais; vezes; divisão. Andar andar andar. E fazer e nem lembrar. Fechar a janela e ir para a cama; que amanhã tem que adiar.

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